As ferramentas de escolha, entendimento, tradução adequada de vida, existem, pra que a gente possa exercitar o livre arbítrio.
Querer
que a felicidade dos outros seja correta, A PARTIR da nossa, acho um
pouco de ingenuidade, ignorando que existe um coletivo.
A
pergunta é: a tradução de como vejo a vida e da minha felicidade chega
até o outro numa mensagem clara... descrevendo como penso, ou impondo meu
modus operandi?
Felicidade só é felicidade a partir do meu modelo,
moderno ou ultrapassado, de ver como a vida anda? Os "veículos" usados por
mim... estão atualizados pra que o outro entenda minha linguagem e me
responda à altura do meu pensamento, de minha mensagem? Atualizo meu software de entendimento coletivo conforme pede o figurino?
Se
imponho um modelo de felicidade que o universo "não compra", é quase
como abrir um restaurante e impor a comida do meu gosto e ou numa loja de
roupa, o que visto, pra todo o mundo. Fica difícil a venda, o lucro.
Assim vejo a vida, o face, os veículos.
Neste supermercado
da vida, fazer essa compra da felicidade custa muito pra alguns que
odeiam ir a supermercado, vão por obrigação. Por outro lado divertem outros que
amam escolher os produtos, pra depois saborearem um jantar a dois, um
almoço em família... enfim.
Dar um abraço por exemplo pra
pessoas que têm dificuldade de carinho, ou são deficientes nas relações,
pode ser um problema... um parto... e pode ativar um clique no interior
da pessoa , onde ela se sinta desconfortável... vai criticar, falar mal
de quem abraça, desconstruir... talvez duvidar da felicidade de quem abraça.
Pra
outras, um abraço gostoso, daqueles que se sente o corpo da outra
pessoa, passando energia boa... sem conotação sexual (ainda que exista
esse tipo de abraço), esse tipo de coisa pode ser mais um agregador,
mais uma pedra boa no dominó da felicidade.
Estar
deficiente em algum produto, e ver outros com ele... talvez cause inconscientemente (e é legitimo) um certo desconforto... em nossa
marcada linguagem de costumes sociais. A gente disfarça, impondo um
mapa surreal da felicidade que nunca vai existir. Fazemos nossas compras, olhando torto pro cliente da gôndola ao lado...aquela que a gente não soporta.
Alguns se adaptam melhor, outros têm mais dificuldade. Simples assim. Tudo depende de nossa tradução de vida, de costumes.
Não
devemos associar a felicidade, apenas com a bondade, com a humildade,
são adjetivos que podem estar vestidos com um "remedinho" chamado
dissimulação. Relacionar a felicidade a surpresas, a mimos... embora eles existam e sejam fofos... também é perigoso.
Porém,
hoje temos veículos novos de comunicação da felicidade, se estão nas
mensagens, no comportamento das pessoas, é pq elas em tese, sabem lidar
com essas ferramentas... e então produzem um produto final adequado ao
que elas pensam...quem tem dificuldade de usar esses "macetes"... dificulta o que pessoas maduras têm - um botão de liga desliga o assunto, isso não interfere em mim.
Costumamos ver vida a partir de uma tradução
interior, com elementos que foram "instalados" em nossa
consciência/inconsciência por dogmas, tradicionalismos, etc. Uns até são padrão e aceitos, outros não.
Alguns temos que engolir.
Nem pra mãe da gente a gente conta tudo, vírgula por vírgula no dia a dia... conta algumas alegrias, talvez uma
ou outra tristeza... porque então no face teríamos que mostrar tudo do jeito
que algumas pessoas acham que é mostrar felicidade?
Ok, você conta tudo pra sua mãe? Own que ótimo. Mas isso não faz parte da maioria.
Redes Sociais, são grandes Supermercados, inclusive com alguns itens que não temos perto de casa. Coisa moderna.
Temos
tantas gôndolas nesses "Supermercados" que com a linguagem de marketing
moderna, vão balançar estruturas antigas, modelos ultrapassados, desejos ardentes por
guloseimas, algumas coisas inadequadas. Mas felizmente ou infelizmente
temos de administrar isso.
Imagina ir num supermercado e achar ruim
ver itens de que não gosto expostos e sugerir que a gôndola que não me apetece,
não exista... ou xingar as pessoas que a "usam, de infelizes, ou
desconstrui-las com "a felicidade fake" delas, na minha tradução?!
O mundo é plural, mas às vezes esquecemos disso.
Por
outro lado sempre achei que a necessidade de falar/postar algumas
coisas... é proporcional à falta delas... à insegurança que temos em
alguns itens como seres humanos. Às vezes nem terapeuta dá jeito... e
dá-lhe criticas ao que vemos em nossa frente.
Ok.... esta minha síntese não inclui fotos de corpos decepados, animais dilacerados...
essas gôndolas não devem mesmo entrar nesse jogo. Rrrrrr.
Quando vejo
algumas declarações de amor ou desamor na internet, ou seja na vida, na
praça, na TV, na festa, na balada... não critico a declaração, se está
fake ou se é certo ou errado, mas o tom... pelo tom, dá pra ver que ali a
coisa já era... e por algum clique do inconsciente a esposa, namorido,
ou que tais, precisam marcar território. Estamos num mundo, onde tem
tanto esperto de plantão, aguardando brechas. Se o tom tá errado, pode
existir uma brecha. Espertos as usam bem.
É
natural numa democracia, no capitalismo... uns poderem comprar coisas
que outros não podem. O ideal cada um sabe o que e como seria...mas na vida não
existe um supermercado onde entramos e levamos qualquer coisa apenas
porque nosso ideal é o ideal...e não me refiro a apenas produtos físicos. Algumas pessoas tem dons, são mais dinâmicas que outras.
Mais fácil trabalhar a psicocoisa, a tradução e falar melhor a linguagem que o universo compraria de você. Imagina
você querer morar nos States e questionar a língua deles... pffff.
Desapega, aprende a falar mister sem sotaque e saboreia as traduções
daquilo que você vai entender/dizer/ouvir... seja amando ou odiando.
Pessoas
ruins que traem seu cônjuge, não são um produto da internet... e em
outras épocas também fariam isso, indo no cantinho da praça, no matinho,
enfim... os recursos sempre existiram, só evoluíram. Essas criticas também existiam... mas claro... não se falava que era culpa da rede social, ela não existia. O problema está na rede dos neurônios que traduzem a vida, vista de forma positiva.
A vida não é colorida, mas também não é preto e branco... existem muitos tons aí. Basta querer enxergar.
Nas
redes sociais existem pessoas e pessoas são como as que vemos na rua, na
praça... podem ser bandidos, santos, ou gente carinhosa que adora trocar
experiências, gente invejosa... enfim... gente que também pensa
parecido... alias o papel, o algoritmo do face e de redes sociais é
juntar pessoas que "pensam" parecido. Temos que tomar os cuidados que tomamos em outros lugares onde tem humanos.
Infelizmente o ser humano tem uma predileção por olhar o quintal do vizinho e acaba vendo entre outras coisas, algumas que não gosta mesmo. Existem filtros nas redes sociais, pra que nossos olhos não vejam coisas que não queremos ver.
Sabe
aquele bar que tem alguém canalha que não queremos ver? Em algum
momento da vida não fomos naquele dia, etc, porque não queríamos topar
com a pessoa... neste caso acho o Face mais moderno, existem esses filtros.
Cada um tem um modelo do que é felicidade, um valor.
Antigamente
era na praça, o povo que adorava arrotar caviar da mortadela do dia
anterior... ia pras praças, dava voltas, vestido do jeito que achava
correto, ou se comportando de forma que também achava estar abafando,
estranha pra uns, moderna pra outros, fashion ou então excêntrica.
Nas
festividades.. cada um levava o que suponha ser o melhor e demonstrava
nas aparências o que não existia em casa. Enfim... seres humanos
interagindo.
Com o tempo só mudou o veiculo, mas continuam os moldes
de traduções, ora cagadas, ora modernas, umbigos largos, que não deixam ninguém viver e esquecem de viver...mas não porque estão certos ou
errados, mas porque não sabem respeitar o quintal do vizinho... fazem da
rede social uma extensão do que acham ser a casa deles. Esquecem que
estão num "supermercado".
Tem também traduções mais modernas que fazem do que têm, a tênue linha do copo meio cheio.
Na
minha opinião não precisa ostentar, até porque é perigoso, mas também
não precisa soltar mágoa o tempo inteiro, frustrações vividas, só pra
parecer humilde, confundido humildade com chatice. Ok não está proibido
pra ambos os itens...felicidade ou frustração. Mas não precisa.
Fácil perceber essa necessidade de mostrar uma pseudo alegria que talvez
exista, mas é expressada numa linguagem muito peculiar, com falhas na
linguagem, onde quem vê ou escuta, acha superficial, mesmo quando parece
intenso.
De toda a forma a frieza não é mostrada apenas nas
redes sociais, afinal elas não têm nada disso, elas são o veiculo, quem
as usa, leva esse itens pra dentro dele. Sabe aquele veiculo com musica
mais alta do que o normal? O carro não tem musica, ela não brota sozinha, quem a coloca é o
motorista.
Alguém posta um relógio de ouro e dá
aquela sorriso e a foto foca apenas nele... outros adoram postar o crush
, outros ainda mostram quantas fodas deram na semana passada postando
signos que indicam isso.
Existe vazio e tristeza fora do face...
existe alegria e felicidade fora do face, das redes sociais, mas porque temos que eliminar
esse veiculo? É quase como argumentar que temos que eliminar o celular
porque ele não representa a felicidade.... ou jogar dinheiro fora,
porque escutamos sempre que dinheiro não é tudo. Silogismos baratos. Não há mais volta. Ou administramos ou alimentaremos mágoas e frustrações, não por causa do face, mas através dele, inclusive.
Concluindo...
viva a vida. Viva as manifestações. Desde que elas sejam no quintal de
quem as propõe. Se você reclama ou critica porque respingos caíram no teu
quintal... está correto (a), mas se esta apenas melindrado porque o
quintal do vizinho tem mais verde que o seu, então, atualiza o software
please.
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