26 outubro, 2008

A verdade e a psicocoisa !

Geralmente o dono da verdade oprime seu parceiro e inibe a criatividade. No campo ideal, todos deveriam respeitar e deixar com que os outros se expressassem com direitos iguais. Sem preconceitos, sem rótulos...mas isso no campo ideal. "Onde temos razão não podem crescer as flores", dizia o poeta israelense Yehuda Amijai. A frase é útil pra mostrar o conflito entre convicção infléxivel e florescimento da criatividade. Serve em especial aos pombinhos que se acham donos da verdade. Atitude que contraria os princípios do amor, um encontro criativo e libertário entre duas pessoas que se estimulam reciprocamente". (Paulo Sternick - psicanalista)O cuidado humano transcorre de uma educação ditada pelas regras do bom senso.
No começo de uma relação, tudo em geral é muito agradável. Fica muito saudável descobrir como no outro tudo é perfeito. Cada atitude no outro é uma aventura. Fazemos vistas grossas para os defeitos e hábitos que não curtimos. Depois de um tempo a relaçao passa a ter um contorno mais humano... e as diferenças começam a ter um outro tom... a cor real da vida fica mais sólida, mais forte e ai passamos a avaliar também essas características. O tempo pra se aventurar em cada atitude nova no outro, diminuiu. Os poros das diferenças... aumentam de tamanho, olhando de um angulo aumentado pela lente que ficou anestesiada pela paixão e vemos algumas imperfeições. Vemos o ser humano.
Isso tudo claro, gera amadurecimento. Nesse meio tempo é onde as sensações "horrendas" surgem e o outro normalmente passa a ser inconveniente e não raro um quase demônio. Numa relação normal, pessoas e individuos co-existem, aprensentando comportamentos ora passivos ora mais ariscos. Todos se esforçam (todos?) para entender os outros, achando que nunca invadem o terreno alheio.
No campo real a tradução de vida muda para cada um e um valor positivo para uma pessoa pode ser negativo para outra. Até as paredes sabem que muitas são as vezes em que magoamos as pessoas e somos magoados, porque o fator ou filtro, que rege onde começa nosso direito e termina o do outro, está com "defeito", em conflito. Dependendo da educação a pessoa tende a achar que o outro veio para servi-lo. Um prego retirado depois de pregado, fez um furo e deixou uma marca. Ainda que se recapeie a parede da alma, existe uma transformação ali com o furo. Normal uma vez ou outra o individuo apresentar um comportamento fora do comum, xingar, pregar um prego na alma do outro. Já se isso se mostra várias vezes, se incorpora no perfil, ninguém merece. Uma avenida assim merece um desvio, leva a lugar nenhum. Deturpa o caminho da felicidade impondo um estilo que não acrescenta nada na espiritualidade desse ser.
Diferenças são normais lógico... mas quando elas geram imposição, seja pelo poder econômico, pela palavra bringuenta ou autoritária, acaba comprimindo ainda mais a outra pessoa envolvida, que deixa de crescer, é tolhida. Não raro, o conceito beleza deturpa o diálogo. Pessoas autoritárias quase sempre se julgam donos da verdade e sempre querem as coisas à sua maneira, temem o diálogo. Têm pouca tolerância com limites e erros alheios... atraindo geralmente pessoas indefesas e muitos sensivéis. Inúmeras vezes se volta a afrouxar o filtro da avaliação para novamente sentir o encantamento no outro, tentando ver a parte boa... mas nossa parte humana não tolera isso e em muitos casos passa a ser o início do fim de um relacionamento. As psicocoisas atrapalham as coisas. Amar a imperfeição e diferenças do outro e de si mesmo é puro amor. Administrar isso de forma pacífica sem tolher o outro pode ser o fator para que uma relação dê certo... consiga aumentar felizes anos a uma conta que cada vez decresce mais. Deixar psicocoisas crescerem machucando a alma sem tocar no assunto no dia a dia com um diálogo manso e sereno... destroi aquilo que a alma constroi. A tendência num primeiro papo é que o diálogo seja acusatório... afinal ninguém acha que errou, será sempre o outro, pois a intenção era crescer e ser feliz para sempre. Diálogos assim tornam as relações superficiais.
Geralmente a parte respeitosa e madura vai escutar e procurar entender a atitude que teve, não a repetindo. Nesse treino e busca diária pela perfeição, pela felicidade.... ainda se consegue lidar com um par, com outra energia do bem, a experimentando, se deixando experimentar.
Figueira Junior